Este refúgio pacífico está rapidamente se tornando um rico destino cultural, localizado entre São Paulo e Rio de Janeiro. O calendário de eventos da cidade inclui o festival de jazz, blues e soul, realizado nos últimos três anos, organizado pela casa noturna paulistana Bourbon Street Music Club. Outro evento que tem agitado a cidade é o Paraty em Foco, que traz uma série de exposições de fotografia de artistas brasileiros e estrangeiros. E, claro, tem a Flip, festival literário com mesas de debate, festas regadas a caipirinha e estrelas eruditas, como Ian McEwan, Isabel Allende e Salman Rushdie.
Mas, mesmo sem nenhuma festa acontecendo, Paraty vale a viagem com seus artesanatos de bom gosto, cafés aconchegantes, restaurantes de frutos do mar à luz de velas e charmosas pousadas. A mais elegante é a Casa Turquesa, eleita a melhor pousada de 2009 pelo Guia Quatro Rodas. No fim deste ano, Paraty ganhará seu primeiro hotel de luxo. A marca francesa Maisons des Reves planeja abrir uma propriedade próximo ao porto.
Paraty é um município brasileiro no Sul do estado do Rio de Janeiro, microrregião da Baía da Ilha Grande, mesorregião Sul Fluminense. Muito antiga para os padrões brasileiros, a cidade foi povoada entre 1533 e 1560, em 1667 teve sua emancipação política decretada pelo rei de Portugal, tornando-se uma vila independente de Angra dos Reis. Junto ao oceano, entre dois rios, Paraty está a uma altitude média de apenas 5 metros. Hoje é o centro de um município com 930,7 km² com uma população de 33.062 habitantes (densidade demográfica: 35,6 h/km²). A cidade já foi sede do mais importante porto exportador de ouro do Brasil, durante o período colonial.
Nos primeiros anos do descobrimento, já era conhecida dos portugueses a trilha aberta pelos índios goianases ligando o Vale do Paraíba às praias de Paraty. Por ela passaram expedições de apresamento de indígenas. No entanto, somente em 1630 haveria de ocorrer o povoamento da região quando Maria Jácome de Melo recebeu em doação uma área cortada pelo rio Paratii-guaçu, dentro da Capitania de São Vicente. A primeira construção de que se tem notícia é uma capela dedicada a São Roque, no Morro do Forte. Até 1636 o povoado original fixou-se no morro, em torno da capela, permanecendo os goianases aldeados à beira-mar. Naquele ano, Maria Jácome doou parte de sua sesmaria para nela se estabelecer a futura vila de Parati, no lugar onde está hoje o Centro Histórico, com a condição de que os índios não fossem molestados. Erigiu-se então a capela dedicada a Nossa Senhora dos Remédios.
A partir de 1654 várias rebeliões ocorrem entre os moradores que queriam torná-la independente de Angra dos Reis, mas somente em 1667 é criada a Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty.
Em 1702, o governador da capitania do Rio de Janeiro determina que todas as mercadorias (inclusive o ouro) somente poderiam ingressar na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro e daí tomar o rumo de Parati, de onde seguiriam para Minas Gerais pelo antiga trilha indígena já pavimentada com pedras irregulares, que passou a ser conhecida por Caminho do Ouro. A notícia da descoberta do ouro chega a Lisboa, que mobiliza uma grande frota com destino à colônia. Atrai também a cobiça de corsários ingleses e franceses. As costas de Paraty tornam-se cenário de constantes batalhas navais. A proibição pelos portugueses de transporte de ouro pela estrada de Paraty, a partir de 1710, faz os paratienses se rebelarem. A medida é revogada, mas depois restabelecida. Este fato, mas principalmente a construção de uma estrada ligando o Rio de Janeiro às Minas Gerais, levam o movimento em direção à vila a diminuir. Sem contar com a riqueza produzida pelo transporte de ouro, os habitantes da vila dedicam-se a partir do século XVII à produção de aguardente, que passou a ser chamada justamente de Parati. Já em 1820 eram 150 destilarias em atividade.
Para burlar a proibição ao tráfego de escravos, decretada pelo regente Padre Diogo Feijó, o desembarque de africanos passa a ser feito em Paraty. As rotas, por onde antes circulava o ouro, são usadas então para o tráfego e para o escoamento da produção cafeeira do Vale do Paraíba. Com a chegada da via férrea à Barra do Piraí (1864) a produção passa a escoar por ali, condenando de vez Parati à decadência.
A cidade somente se recuperaria em 1954, com a reconstrução da estrada que a ligava ao Estado de São Paulo, e se torna lugar de interesse turístico. Em 1958, Paraty é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Com a Abertura da estrada Parati-Cunha em 1950 iniciou-se o Ciclo do Turismo na cidade. O movimento turístico intensificou-se com a abertura da Rio-Santos (BR 101) em 1973. Hoje a cidade é o segundo ponto turístico do estado do Rio de Janeiro e o 17º do país. É muito visitada por turístas estrangeiros. Devido a essa relevância, Paraty foi uma das poucas cidades que não é capital de estado a receber a Tocha dos Jogos Pan-americanos de 2007 nos dias que antecederam aos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
Paradoxalmente, o longo processo de estagnação a que Paraty foi submetida resultou fundamental para manter intacto o casario colonial, no conjunto conhecido como Centro Histórico, e torná-la um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. Pelas ruas de pedra irregular circulam a pé – a entrada de veículos é proibida - turistas do mundo inteiro, atraídos pela beleza da arquitetura típica do Brasil Colônia. Demoram-se pelas casas históricas, transformadas em pousadas, restaurantes, lojas de artesanato e museus, em meio a músicos populares e a estátuas vivas, homens e mulheres que se cobrem de pó branco, similar ao mármore, e permanecem imóveis por horas.
De repente, o turista pode se deparar com alguma celebridade, como a atriz Maria Della Costa, o navegador Amyr Klink ou alguém da família real brasileira, entre tantas que escolheram Paraty para viver. Também é imprescindível fazer um passeio de escuna pelas ilhas da região. A rede hoteleira é formada de pequenas pousadas, muitas situadas no próprio Centro Histórico.
Vários eventos culturais têm Parati como sede. Mas nenhum é mais concorrido e conceituado do que a Festa Literária Internacional (FLIP). Realizada desde 2003, conta com a presença de escritores nacionais e estrangeiros que participam de palestras e debates nos prédios históricos ou em tendas armadas nas ruas. A cada ano a festa é dedicada à memória de um grande escritor já morto, na primeira o homenageado foi Vinicius de Moraes. Centro histórico Paraty se integra assim a um circuito de festivais literários que se realiza pelo mundo inteiro em lugares tão diferentes entre si como Toronto, no Canadá, e Mântua, na Itália.
Outros eventos importantes que ocorrem na cidade são: Festival da Pinga, Festa do Divino Espírito Santo, Festa de Nossa Senhora dos Remédios, Festa de Santa Rita, e Paraty em Foco.
Em Paraty existem cerca de 50 bairros. Os mais populosos são o Parque da Mangueira, com cerca de sete mil moradores e Ilha das Cobras, que tem cerca de dois mil habitantes. Esses bairros são vizinhos, localizados no subúrbio, no entanto, bem próximos ao Centro. Os que concentram maior renda são: Laranjeiras, Mambucaba e Centro Históricos.
Outros bairros importantes que estão próximos ao Centro são: Chácara, Chácara da Saudade, Bairro de Fátima, Patitiba, Parque Ipê, Portão de Ferro I, Portão de Ferro II, Portão de Ferro III, Vila Colonial, Parque Imperial, Caborê, Pontal, Jabaquara, Portal das Artes e Dom Pedro.
Alguns bairros que ficam distantes do Centro: Ponte Branca, Caboclo, Cabral, Portão Vermelho, Pantanal, Parque Verde, Condado, Penha, Corisco, Corisquinho, Coriscão, Patrimônio, Vila Oratório, Trindade, Campinho da Independência, Córrego dos Micos, Pedras Azuis, Boa Vista, Várzea do Corumbê, Corumbê, Praia Grande, Barra Grande, Graúna, Colônia, Serraria, Taquari, Sertão do Taquari, São Gonçalo, Tarituba e São Roque.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
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