quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Turismo Sustentável & Infância.



Matéria no www.overmundo.com.br

Elielza Bailarina Ramos Freire, 37 anos, aprendeu a viver de uma forma diferente. Ela descobriu na dança uma maneira de levar sempre consigo um sorriso no rosto, uma alegria no olhar e uma missão a cumprir: tornar as pessoas, no seu dia-a-dia, mais felizes. Uma missão, segundo ela divina, que a tornou uma das figuras mais conhecidas na cidade de Porto Velho. A simples Elielza deu espaço à ‘Bailarina da Praça’. Há 14 anos é assim que ela prefere ser chamada.
“Sempre fui muito religiosa, mas, naquele tempo, quando ainda trabalhava na prefeitura do município de Candeias, fiz uma visita à praça Marechal Cândido Rondon, localizada no centro de Porto Velho, e percebi que faltava alguma coisa – o cenário era basicamente de pessoas sujas, bêbadas e perturbadas”, relembra Elielza, que, após feita a visita, começou a estudar a bíblia. “Foi quando Deus falou comigo e disse que eu descobriria quem realmente era através do povo”, afirma. Em 93, no dia 17 de outubro, Elielza participa de um show de dança em plena praça Jonathas Pedrosa e descobre, pouco tempo depois, que sua missão era apenas dançar para um público completamente transeunte. Verdade ou não, ela continua com esta saga até hoje.
Quando começou a dançar na praça Marechal Rondon – hoje seu principal local de referência - Elielza conta que sofreu com ações de engraxates, menores abandonados e gangues, mas ela não desanimou e com o tempo quem a perturbava começou a respeitá-la. “Chegava bem cedinho, dançava o dia inteiro e só ia embora pra casa após varrer a praça inteira, geralmente lá pelas 3 horas da madrugada”, diz. “As pessoas me viam como uma coitadinha, mas diziam que a ‘Bailarina da Praça’ era legal”, completa.
Todos os dias, a ‘Bailarina da Praça’ segue rumo ao mesmo lugar de sempre com uma motocicleta, um gravador e uma caixa de som amplificada. Não ganha nada pra isso. O figurino é de sua autoria, sempre em tons fortes e chamativos. Para ela, cores da alegria. “Me visto assim porque as pessoas me vêem com um olhar diferente, geralmente de críticas ou pensam que sou maluca, mas elas não sabem que eu adoro críticas e que de maluca eu não tenho nada”, diz a ‘Bailarina’ com um sorriso estampado no rosto. E dá o recado: “eu sou uma pessoa feliz porque tenho muita gente pra olhar”. No som da caixa, o ritmo é o dance music e não é escolhido à toa. “As batidas fazem mexer o corpo inteiro e eu apenas deixo a música sair de dentro de mim”. Trata-se de uma dança completamente inusitada sem qualquer padrão característico a ser seguido por uma bailarina profissional.
Mas as opiniões em torno desta figura dançante são diversas. O estudante Fábio Cruz, 24 anos, vê a ‘Bailarina’ como um ícone de coragem e demonstração de força de vontade. “O que me chama atenção é que ela não se sente envergonhada de ser o que é, apenas uma dançarina de praça pública sem qualquer intento lucrativo”, observa o estudante. Já a vendedora Jasmim Silva, 31 anos, não entende bem o real objetivo da ‘Bailarina’. “Dá até pra sentir a alegria que ela transmite, mas o que ela ganha com isso?”, questiona.
Divorciada e mãe de três filhos, Elielza não tem emprego fixo e transmite um segredo no olhar quando indagada sobre o que ela faz para garantir o seu e o próprio sustento da família. Os filhos, por sua vez, respeitam o que a ‘Bailarina da Praça’ faz, mas não querem seguir o mesmo caminho da mãe.

Patrimônio Cultural?
Embora seja tradicionalmente conhecida na cidade, a ‘Bailarina da Praça’ não se considera um patrimônio cultural, como já foi taxada várias vezes por pessoas que, segundo ela, querem “aparecer”. “Realmente inventaram essa história, mas te digo uma coisa: não existe nenhum documento – eu pelo menos nunca vi – que comprove que sou essa coisa de patrimônio cultural”, esclarece. E completa: “é o público que avalia se eu faço ou não parte da cultura regional”.
Elielza diz que nunca foi convidada para uma festa cultural, mas, mesmo assim, nunca deixou de ir. “Geralmente me querem longe de qualquer evento relacionado à cultura e eu acabo participando da festa como se fosse um penetra”, reclama. Para ela, “cultura é valorizar o talento que cada um tem para oferecer, não julgar pela aparência”.
Mesmo sem a devida valorização, ela se sente feliz. Diz que, através da dança, transmite a paz e ajuda as pessoas a buscarem ânimo e realizar seus objetivos.

As atividades turísticas devem respeitar a igualdade entre homens e mulheres; promover os direitos humanos e, especialmente, os direitos de criança (até 12 anos) e adolescentes (até 18 anos), idosos, pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis.

A exploração dos seres humanos sob todas as suas formas, nomeadamente sexual, e especialmente no caso das crianças, vai contra os objetivos fundamentais do turismo e constitui a sua própria negação. (Código Mundial de Ética do Turismo)

O chamado “turismo sexual” não é turismo. Trata-se de um tipo de violência que vai contra os princípios do Código Mundial de Ética do Turismo, além de ser uma violação inaceitável dos direitos humanos.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Constituição brasileira, Art.227)

Prevenir exploração sexual de crianças e adolescentes no turismo não é tarefa somente do governo. É preciso que o trade turístico (empresas e pessoas que fazem parte delas) se comprometa e tome medidas concretas para evitar esse tipo de violência.

DISQUE-DENÚNCIA NACIONAL – 100, de segunda a sexta-feira, das 08h às 22h

Conselho Tutelar – criado para zelar pelos direitos da criança e do adolescente, é responsável por receber a notificação e analisar a procedência de cada caso.

Mais informações sobre o assunto:

www.unb.br/cet/turismoeinfancia

www.unicef.org/brazil/dir_cri.htm - Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança

http://www.world-tourism.org/code­ethics/pdf/languages/Brazil.pdf - Código Ético Mundial de Turismo

http://www.thecode.org/ – The Code

www.csecworldcongress.org/sp/index.htm - Planos de Ação dos Congressos Mundiais de Estocolmo e Yokohama

www.mj.gov.br/sedh/dca.htm - Estatuto da Criança e do Adolescente

http://www.violenciasexual.org.br/ – Plano Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-Juvenil

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